Onde há medo, também há presença de coragem
Quando entendemos que o medo é um convite para aceitar nossas vulnerabilidades.
Uma das coisas mais bonitas do adultecer é descobrir que não precisamos ser o que as pessoas gostariam que fôssemos. Principalmente para nós, mulheres, que crescemos com a ideia de que precisamos ser perfeitas e adoráveis, mesmo que isso custe o nosso bem-estar, nos traga desgaste emocional e ultrapasse os limites da nossa individualidade.
Às vezes, adultecer é crescer carregando inseguranças, falhas, baixa autoestima, sensação de insuficiência, medos. E aceitar que esses sentimentos são as únicas verdades sobre nós é esquecer que também temos camadas bonitas, potentes, que fazem parte da nossa essência. Não aprendemos a reconhecer nossa coragem, nosso íntimo, nossos desejos, nossas estranhezas. Às vezes, até sabemos que há algo de bom ali dentro, mas quando isso não é desenvolvido, não entendemos para que serve.
Acabamos normalizando o medo como refúgio, porque ele parece mais seguro do que a coragem de agir. E vamos nos prendendo tanto a ele que, quando percebemos, já fomos consumidas por inteiro. O medo em excesso tira tudo de nós, até mesmo a nossa identidade e a nossa felicidade.
Eu nunca me senti feliz por sentir vergonha de falar em público. Nunca me senti feliz ao esconder minha vulnerabilidade. Nunca me senti feliz ao camuflar camadas que me tornam humana. Na verdade, toda vez que me escondi atrás do medo, vivi os momentos mais angustiantes da minha vida.
É claro que o medo é um sentimento necessário para a nossa sobrevivência. Ele nos protege de decisões inconsequentes e nos alerta sobre perigos reais. Mas ele não foi feito para nos fazer duvidar de nós mesmas, da nossa capacidade, da nossa potência. O medo não é um sentimento ruim. Nós é que não aprendemos a usá-lo a nosso favor.
É transformador quando conseguimos reconhecer o medo como necessário, mas não como inimigo. Ele não está ali apenas para nos paralisar. Está ali também para nos mostrar o quanto somos capazes de ser corajosas, mesmo com todas as incertezas que nos assombram de vez em quando.
Quando o medo for forte e cheio de incertezas, tenta transformá-lo aos poucos em pedaços menores. Porque é impossível eliminar um sentimento que nos moldou por tantos anos da noite para o dia. Essas camadas não somem. Mas podemos aprender a paralisar com menos frequência toda vez que o medo bater à porta.
Pode parecer contraditório, mas as pessoas que mais admiro: comunicadores, artistas, criadores, escritores, também têm medos, inseguranças e dúvidas. Eles também se questionam. Mas continuam ali, fazendo o que precisa ser feito. Não se escondem. Usam o medo como lembrete: ele existe, mas não nos define.
Até as nossas sombras são necessárias para nossa evolução, construção e amadurecimento. Podemos reconhecer que elas fazem parte, mas que não precisam nos moldar nem nos rotular.
O medo é um sentimento.
A coragem é uma escolha.
E é uma escolha que precisamos abraçar todos os dias.
Quando escolhemos ser corajosas, por mais desconfortável que seja, a nossa mente entende que estamos a escolher a nós mesmas. E todas as vezes que nos escolhemos, também somos capazes de acolher, com muito mais beleza e ternura, aquilo que nos assombra.
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Com amor,
Bianca Rosa
Já perdi muita oportunidade de ser feliz por conta de um medo que no final era tão bobo. 😶
que texto lindo!! suas palavras sao encorajadoras, ficou incrivel