Quando reconhecemos a dor em voz alta
a dor que eu me refiro é aquela que fica em escondida dentro da gente, sabe?
Chegar à vida adulta é perceber o quão presentes as nossas dores internas são reais. Não é exagero nem coisa da nossa cabeça. Ela está ali, bem dentro da gente, e nos perfura sempre nos momentos mais aleatórios do nosso dia. Eu odeio viver o passado, mas tem dias que bate bem forte, pois é de lá que as dores mais profundas se escondem e se interligam com o meu presente.
Como pode algo lá do passado nos afetar tanto, né? Principalmente as coisas que não lembramos. A forma como fomos tratados desde a primeira infância e como isso nos moldou no decorrer de uma vida. A minha intenção não é culpar nossos pais ou cuidadores, até porque a maioria deles também não foi criada de forma gentil e amorosa.
E nem todos os pais conseguem se reavaliar para escrever uma história diferente com seus filhos. Mas hoje, tenho consciência de que a baixa autoestima não surgiu da noite para o dia, ela foi sendo construída antes mesmo de sabermos falar ou andar.
E é bem doido pensar que isso pode nos assombrar por uma vida inteira. Cada um vive sua baixa autoestima de uma forma diferente, mas, independentemente da forma, nós enxergamos uma visão totalmente distorcida de quem somos. O nosso valor não é reconhecido pelos nossos próprios olhos; tudo o que vemos é a nossa fraqueza e fracasso. É um lugar horrível para se estar.
Acho que é por isso que, hoje, eu tenho buscado um refúgio nos meus textos e conteúdos que tenho criado para a internet. E, para alguém que morria de medo de falar em público ou de chamar a atenção para si, eu tenho me saído muito bem. Tem dias que ainda são bem difíceis reconhecer minhas qualidades, e são nesses dias que eu só quero ficar escondida dentro do meu quarto, sem precisar provar para ninguém que sou capaz de alguma coisa.
Principalmente nessa era da internet, onde você precisa estar presente no digital para mostrar o quanto você é bom no que faz. Juro que eu gosto do digital, mas tem dias que ele me cansa, pois a competição por números e lidar com a rejeição ali dentro é outra coisa que inflama nossa autoestima. É preciso ser muito maduro e sensível para reconhecer que o nosso valor vai além de curtidas e comentários.
Quando lidamos com a nossa dor em voz alta e damos nome ao que sentimos, algo dentro da gente muda; é como se agora tivéssemos um caminho ao qual seguir. É aqui que dói, então é aqui que vou buscar me concentrar e dar devida atenção. Tenho descoberto que não é ignorando as coisas que nos livramos delas, mas sim entendendo, enfrentando e dando pequenos passos em silêncio, sem alarmar para quem não entende o que passamos, sabe? Principalmente para quem tenta usar o nosso passado para nos machucar no presente. Nesse processo, saber escolher as pessoas com quem podemos contar também é essencial. Afinal, não é porque uma pessoa está ao nosso lado que ela está ali para nos ver evoluir.
Tenho aprendido muita coisa, mas, principalmente, que a cura só tem evolução quando admitimos o que dói e onde dói em voz alta. A nossa voz interna tem um poder poderoso que, quando usamos de forma gentil, ela nos liberta para experimentarmos novas facetas de nós mesmos.
Para finalizar com emoção:
Caso tenha alguém aí, do outro lado, espero que essa leitura tenha inspirado você de uma forma boa e positiva. E caso você tenha interesse em compartilhar um conselho ou uma experiência parecida, não deixe de compartilhar, ficarei muito feliz em ler suas impressões sobre o assunto.
Até o nosso próximo encontro! <3