Será que precisamos sempre pedir permissão para ser quem somos?
Talvez você só precise se conhecer um pouco mais
Tenho crescido com a sensação de que nunca consegui ter uma identidade autentica na minha infância. Sempre fui a criança que tinha problemas com o pai. A criança que não podia praticar esporte por conta de uma cicatriz que ganhou ao ser atropelada por um carro aos 7 anos de idade, portanto, minha vó tinha muito medo que eu machucasse o braço onde havia uma cicatriz.
Sempre fui a criança da igreja católica que completou todas as etapas da catequese e também participava do coral cujo nome era “pérolas de Cristo”. Nunca pude pintar meu cabelo, nem com papel crepom que na época era febre entre as crianças. Eu tive uma infância feliz, mas nunca consegui ser eu mesma.
Conforme fui crescendo, tudo o que eu queria fazer parecia errado. Eu tive dificuldades em tomar minhas próprias decisões e seguir o caminho que realmente queria. Eu sempre fui seguindo aquilo que achava que faria as pessoas felizes. Aquilo que fizesse elas a terem orgulho de mim. Mas no final, quem não estava feliz e nem orgulhosa era eu.
Sempre tive muita dificuldade em dizer o que me magoava e onde doía. Eu não entendia qual era o meu limite e até onde estava disposta a aceitar o erro do outro. Era difícil ouvir minha própria intuição.
Sinto que o me salvou foi a minha inquietação interna. Eu sentia que algo estava errado. Que eu não era uma pessoa tão calma e tranqüila como falavam. Dentro de mim foi crescendo uma vontade imensa de ser mais autentica. De me comportar com mais fidelidade a mim mesma.
No inicio parecia que tudo era errado. Que fazer minhas próprias escolhas faria de mim uma pessoa ingrata e sem respeito aos mais próximos. É como se eu precisasse de améns alheios para continuar seguindo o meu caminho. Eu me sentia como alguém que daria errado caso seguisse suas próprias instruções. É como se eu não soubesse o que fosse o melhor para mim. Foi um processo doido e estranho ao mesmo tempo.
Eu só comecei entender o que queria para a minha vida quando comecei a me questionar. Os primeiros questionamentos foram bem fortes, pois é como se eles estivessem abrindo meus olhos para uma repetição de comportamentos que estavam bem longe de ser a minha visão de mundo.
É doido quando cai a ficha de que até o momento presente você tinha apenas seguido um script escrito por outras pessoas.
Mas dizem por aí que é na dor que a gente cresce não é mesmo? Quando as coisas estão bem elas simplesmente estão. Mas quando algo não está bom é que o desconforto surge, é o momento ideal para olhar mais para dentro de si e se analisar por inteira, percebendo a raiz principal do problema.
Tenho entendido que o desconforto não precisa ser um inimigo e sim um direcionador. Um direcionador que nos leva a entender porque dói onde dói. E entender que para a dor existe uma solução. Uma solução que só acontece quando deixamos de ter medo de encarar o problema.
Quando passamos a nos conhecer, entendemos que só nós somos capazes de nos conhecer com tamanha profundidade. Permissão para ser quem se é, é uma das maiores prisões que um ser humano pode sentir.
Ainda não me conheço por completo, mas estou disposta a me conhecer todos os dias, um pouquinho que seja, para que eu nunca mais precise pedir permissão para ser.
É com imenso carinho que me despeço por aqui! Até o próximo encontro <3
Sobre mim:
Me chamo Bianca, tenho 29 anos. Sou formada em jornalismo, escritora, pensadora. Gosto de assistir melodramas, conversas reflexivas e me emociono fácil. Em breve, bem em breve, lançarei um livro. Me segue no instragram: biancarandrade (: